17.12.2024 - EM Mundo
Em um mundo cada vez mais interconectado, a compreensão de temas complexos, como política e geopolítica, se torna essencial para a participação cidadã. A professora Fernanda Brandão, coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio (FPMR), que acompanhou de perto o encontro do G20, no Rio de Janeiro, compartilhou suas perspectivas sobre como tornar esses assuntos mais acessíveis e combater à desinformação nos processos políticos globais.
A visão da professora Fernanda, refletindo sobre temáticas como notícias falsas, novas tecnologias e processos democráticos globais, nos oferece um caminho para tornar temas complexos mais acessíveis e combater a desinformação, fortalecendo a participação cidadã e a democracia.
Para Fernanda, a chave para tornar temas complexos acessíveis é reconhecer que a maioria da população não está familiarizada com essas questões. "Todo conhecimento compartilhado fora da academia precisa ser formulado de maneira que o cidadão comum possa compreender, utilizando palavras e formulações simples, mas sem perder a profundidade da informação", explica.
Ela também destaca a importância de se estabelecer conexões com a vida cotidiana das pessoas, mostrando como questões políticas e geopolíticas impactam diretamente suas vidas.
A complexidade dos processos burocráticos e das dinâmicas de negociações internacionais são barreiras significativas. "Há muito desconhecimento sobre as funções dos órgãos e fóruns multilaterais, como a ONU e o G20, por exemplo, o que leva a informações desencontradas e expectativas não realistas", afirma a professora. Ela ressalta que a crença de que esses temas estão distantes da realidade cotidiana reduz o interesse do público e, muitas vezes, marginaliza essas questões na cobertura da mídia.
Durante o G20, a professora participou ativamente de diversos programas da mídia para ajudar a esclarecer questões, sendo uma das especialistas convidadas pela TV Globo, Rádio Nova Brasil e Portal G1, por exemplo, para uma série de análises e explicações sobre o impacto global das discussões do evento.
Estratégias para combater a desinformação
Fortalecer a educação básica e estimular o pensamento crítico são estratégias fundamentais para combater a desinformação, segundo a especialista. "É preciso não aceitar a primeira informação vista e procurar outras fontes antes de formar uma opinião sobre um assunto complexo", aconselha Fernanda. Além disso, ela enfatiza o papel das universidades e dos especialistas na mídia, produzindo conteúdo acessível para a população comum.
A professora também destaca a necessidade de reflexão filosófica e jurídica sobre o ambiente digital e sua função como disseminador de informações. "Precisamos entender formas de conter a disseminação de informações falsas, principalmente com o avanço da inteligência artificial (IA)", alerta. Ela lembra que até mesmo um pequeno post pode iniciar ou gerar revoltas e processos políticos violentos, causando distúrbios globais com impactos profundos.
Para ela, a inteligência artificial, às vezes vista como uma ameaça, pode também ser uma aliada no combate à desinformação, detectando padrões de informações falsas e alertando os usuários sobre a procedência duvidosa do conteúdo.
"Dada a capacidade crítica da média da população do país, que muitas vezes é reduzida por conta de uma educação básica insuficiente, a IA será uma das principais aliadas no combate à desinformação", afirma a professora Fernanda.
Responsabilidade
De acordo com Fernanda Brandão, a responsabilidade dos governos envolve a regulamentação e ações de combate à desinformação, baseadas em reflexões jurídicas, técnicas e filosóficas. "É essencial proteger o regime democrático e a estabilidade do país", destaca ela.
Quanto às organizações internacionais, sua responsabilidade é "promover a cooperação entre governos, monitorar o uso de desinformação para desestabilizar regimes políticos e promover o acesso ao conhecimento sobre questões globais", complementa a especialista.