01.08.2024 - EM
Uma sessão de cinema dentro do hospital mudou a rotina dos pacientes da oncologia pediátrica do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), nesta quarta-feira, 31 de julho. Ao perceber que algumas crianças internadas para tratamento estavam muito quietas, apresentando quadro de tristeza, a equipe do Hospital promoveu uma ação diferente, com objetivo de entusiasmar os pequenos pacientes.
Colaboradores do HUEM produziram adereços e imprimiram convites chamando para a exibição de Pokémon: O Filme - Mewtwo Contra-Ataca. O auditório da instituição, normalmente utilizado para cursos e treinamentos, se transformou em uma sala de cinema, com direito a pipoca, suco, sorvete e cupcake.
De acordo com a médica Andreia Franco, a iniciativa pode melhorar a resposta ao tratamento, pois eleva o ânimo das crianças. “É cansativa a rotina de internamento e o tratamento traz muitos efeitos colaterais, tanto físicos quanto psicológicos. É importante que os profissionais olhem não apenas para a doença, mas para o paciente como um todo, isso impacta positivamente no enfrentamento da doença e na resposta do paciente ao tratamento”, afirma.
A médica, que é a chefe do serviço de cuidados paliativos do Hospital Mackenzie, explica que esse olhar humanizado é fundamental no tratamento de doenças graves. “Às vezes não é de medicação que o paciente precisa, é de cuidado, de olhar para ele como um ser humano único e que não pode ter sua parte social, psicológica e espiritual negligenciada durante um tratamento médico”, salienta.
A equipe do HUEM pensou em cada detalhe. Por exemplo: ao invés de pipoca, o lanchinho da sessão foi um sorvete, pois entre as crianças internadas havia uma que não está conseguindo mastigar alimentos sólidos.
Emoção
Participaram da sessão de cinema seis crianças, acompanhadas de suas mães. Lucas, de 11 anos, ficou muito feliz com a novidade, principalmente por se tratar de seu desenho favorito. Diagnosticado há pouco mais de um ano com um meduloblastoma (tumor no cérebro), ele passou por uma cirurgia em julho de 2023 e desde então vem fazendo tratamento com radioterapia e quimioterapia.
O menino está há nove dias internado, sendo a terceira internação do mês de julho. A mãe dele, Claudinéia Monteiro, ficou emocionada com a surpresa em meio a tanto tempo que passa no hospital. Ela conta que nas últimas semanas o filho estava abalado, quase sem falar, principalmente após as quimios.
“Foi maravilhoso para nós, o cinema, ele ficou até mais corado. Ver meu filho sorrir é algo que não tem preço. Estou muito grata, me sentindo acolhida pelo hospital. Posso dizer que aqui é a nossa segunda casa, porque recebemos sempre muito carinho de toda a equipe”, ressaltou.
O Gabriel, de 16 anos, também gostou de frequentar um ambiente diferente para uma atividade agradável mesmo dentro do hospital. A mãe, Suelen de Paula, conta que a família descobriu a leucemia quando ele tinha três anos de idade. Após mais de dois anos de tratamento, a doença desapareceu, mas infelizmente reapareceu uma década mais tarde, no que é chamado de recidiva.
“Eles precisam desse cuidado, desse amor. Tem crianças e mães aqui que ficam mais no hospital do que em casa, então é muito importante. Tudo feito com capricho, as enfermeiras vindo aplicar medicação no auditório para eles não perderem nada do filme. Foi uma injeção de ânimo, nós saímos revigorados”, conta Suelen.