Aprender gramática, aquelas extensas regras de português, não precisa ser algo chato ou traumático. Essa foi a lição deixada pela professora Maria Helena de Moura Neves, considerada uma das maiores especialistas gramaticais da língua portuguesa e que ministrou Aula Magna do curso de Letras na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), nesta quarta-feira, 09 de outubro, no campus Higienópolis.
“Gramática, que é algo tão chato na escola, nada mais é que o cálculo de produção de sentido de uma língua, aquilo que faz gerar significado e efeito, apesar de ser um conceito abstrato”, explicou a professora durante a palestra.
De acordo com ela, que dá aula na pós-graduação da UPM, o ensino de gramática deve ser pautado na linguagem, em seu entendimento, e não em regras “postiças, que não levam a nada”. “É trabalhar contexto sempre. Chegar ao sistema da língua a partir do texto, e não o inverso, quando se parte da regra para só então olhar o texto como exemplo”, afirmou a professora.
Sob esta ótica, Maria explicou que é necessário ensinar aos alunos mostrando a ocorrência para então se chegar à regra, por meio de textos, e não utilizando exemplos. Por este caminho, seria necessário ensinar as regras primeiro e de forma isolada, o que tornaria o ensino maçante.
A organizadora do evento, Elaine Cristina Prado dos Santos, professora da UPM, afirmou que, no curso de Letras, o estudo da gramática acontece sob diversos aspectos, mas que o objetivo é sempre buscar uma melhor comunicação. “O objeto da gramática é saber falar, argumentar e escrever de uma forma melhor”, pontuou.
Além disso, o estudo das regras do português deve levar em consideração as diversas formas de falar que existe no Brasil. “Não devemos ensinar a gramática de uma forma elitizada, mas descobrir e respeitar a diversidade da linguagem”, declarou.
O diretor do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da UPM, Marcos Nepomuceno, defendeu que o ensino deve ser construído de forma coletiva e por isso a realização da Aula Magna foi tão importante. “É a celebração de uma coletividade por meio do conhecimento, que é uma construção coletiva. Educação se aprende pela convivência”, encerrou ele.