Na sexta-feira, 31 de março, o curso de Psicologia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), realizou o I Simpósio de Psicologia Analítica: Os Complexos Culturais da Alma Brasileira, no auditório Escola Americana, campus Higienópolis.
O evento, organizado pelos professores Ana Lucia Pandini, Elisa Harumi Musha e Raul Barreto Lima, foi dividido em três blocos de palestras com os temas “Desenterrando espelhos: decolonialidade e perspectivas para a Psicologia Analítica”; “Feminismo, o caminho para não morrer”; e “Guerra civil não declarada: marcas da violência racial”, ministradas, respectivamente, por Jorge Miklos, Christiane Viana e Bruno Correia Mota.
O intuito do evento foi fortalecer a psicologia analítica dentro do curso de Psicologia, propondo um espaço de reflexão e encontro interdisciplinar, possibilitando aos alunos a dimensão de que a área está na clínica, mas também em outros contextos, como em políticas públicas.
“A psicologia analítica foi estudando e compreendendo que as vivências da sociedade brasileira também formam parte da personalidade de cada um de nós”, afirmou Ana Lucia Pandini. Segundo a professora, o Brasil tem uma história de muita violência, preconceitos e estereótipos que geram feridas emocionais na população, e por isso, além da história individual de cada pessoa, a psicologia analítica se preocupa com as experiências sociais.
Desenvolvida pelo psicólogo suíço, Carl Gustav Jung, o campo da analítica possibilita uma ponte entre o inconsciente coletivo e a instância do inconsciente cultural, e quando relacionado com a historicidade do Brasil, segundo a professora Elisa Harumi Musha, “traz uma dimensão a nível do inconsciente coletivo de conflitos e vivências que nem sempre vão para a consciência, e entendemos que quando não se torna consciente, fica muito difícil trabalhar esses conflitos”, pontou.
Para o professor Raul Lima, a psicologia sempre importou conhecimento de outros países e o Simpósio de Psicologia Analítica foi uma oportunidade de pensar as raízes, dores e traumas históricos brasileiros. “Tentamos refletir sobre nossos próprios processos, desde o impacto da colonização, da escravidão, da violência contra as mulheres. Não tem como dissociar o sofrimento individual do sofrimento social”, afirmou o professor. Ele também destacou o interesse dos estudantes na temática que, consequentemente, ampliam o olhar e campo de trabalho.
Em sua fala, o diretor do CCBS, Jan Carlo Delorenzi, destacou a unidade entre os cursos de saúde da UPM. “Não somos um aglomerado de cursos, mas somos uma unidade acadêmica com visão na saúde, que busca entender o adoecimento da população brasileira, e alternativas de tratamento e prevenção”.