À medida que adentramos o ano de 2024, o mercado financeiro se prepara para uma série de transformações marcadas por inovações tecnológicas, desafios geopolíticos e mudanças regulatórias. Para entender o que está por vir nesse cenário, conversamos com o economista da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), professor Josilmar Cordenonssi, que compartilha insights sobre as tendências que podem redefinir a economia nos próximos meses.
O especialista aponta para o Digital Real X (DREX) como a grande inovação tecnológica de 2024. Indo além das moedas virtuais, o DREX é um sistema baseado em blockchain, prometendo reduzir os riscos em transações de ativos. Ele ainda destaca as novas modalidades do Pix, como compras parceladas, e uso internacional, como um possível caminho nas transformações tecnológicas.
O economista destaca a modernização significativa que a tokenização representa para os negócios no Brasil. “É uma revolução na forma de realizar transações financeiras. Ao reservar o dinheiro na forma de tokens, vinculados a documentos e acordos, as transações tornam-se mais seguras, eficientes e menos burocráticas”, afirma.
A mudanças nas regulamentações, como os limites de juros para o crédito rotativo do cartão de crédito, também apresentam novidades neste ano. Agora, a dívida não pode acumular mais do que 100% de juros. Cordenonssi explica que comercialmente, isso pode levar os bancos a restringirem o acesso ao cartão de crédito. “Por outro lado, novidades como o Pix parcelado podem concorrer diretamente com o cartão de crédito, mas com comerciantes assumindo custos financeiros e riscos de inadimplência", analisa.
O especialista frisa que o ponto mais fraco desta evolução tecnológica é o usuário pessoa física. Uma vez que estas tecnologias são muito novas, os usuários não estão familiarizados e são presas fáceis de estelionatários digitais. “Hoje o maior risco não é o hacker que vai acessar as contas bancárias das pessoas e fazer transferências instantâneas para paraísos fiscais. O risco maior está na vulnerabilidade dos usuários”, analisa.
Segundo Cordenonssi, também é preciso prestar atenção nos conflitos geopolíticos que têm ocorrido pelo mundo, já que eles impactam diretamente as cadeias produtivas globais. Ele destaca o nearshoring e o friendshoring, (ações que encurtam as cadeias produtivas para países próximos geograficamente ou politicamente) como tendências promissoras diante dessas transformações.
Para ele, o Brasil, distante desses conflitos e com uma matriz energética limpa, pode se destacar mundialmente ao se beneficiar dessas práticas, atraindo investimentos para setores como o de energia limpa.