“Combater a discriminação racial no Brasil para a maior inserção da população negra é extremamente difícil pelo fato de vivermos sob o mito da democracia racial”, diz Isabela Costa Marciano, aluna da Faculdade de Direito (FDir) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Higienópolis.
Em 2020, a universitária fez parte do projeto Incluir Direito, criado pelo Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (CESA), em parceria com o Mackenzie, após constatarem que menos 1% dos membros de seus escritórios eram pessoas negras, reflexo do racismo estrutural. O curso é oferecido aos alunos negros e bolsitas e tem como objetivo fornecer oportunidades de educação antes não oferecidas e tornar os estudantes competitivos para qualquer processo seletivo.
Para Isabela, foi uma experiência única ter aulas com professores renomados da área. Um dos docentes do curso é o Adilson Moreira, autor do livro Racismo Recreativo e coordenador do projeto. “São ensinamentos que levarei por toda minha vida, profissional, acadêmica e pessoal”. No curso, a estudante teve aulas de escrita e oratória - habilidades essenciais para o direito, utilizadas para ingressar em projetos de interesse da estudante.
“As entrevistas que fazem parte da etapa final do projeto me fizeram ter maior confiança para futuros processos que pretendo participar”, conta. Apesar de já pensar no futuro, Isabela teve recentes conquistas: entrou na Escola de Formação de Direito Público, da Sociedade Brasileira de Direito Público, e foi uma das 15 selecionadas para o curso "Comparative Equality Law - A Multi-University Legal Studies", da Universidade da Califórnia, Berkeley, oferecido numa parceria com a UPM.
“Essa segunda conquista tem total ligação ao curso de inglês oferecido pelo projeto. No Mackenzie Language Center pude treinar também a minha redação em inglês, que me auxiliou na escrita de minha carta de motivação para esse processo seletivo”, destaca Isabela.
Foto: Isabela Costa Marciano
Para ela, é de grande importância que mais universidades criem ou adotem iniciativas como a do Incluir Direito. “Ações afirmativas como esse projeto corrigem, a pequenos passos, consequências da construção racial existente na nossa sociedade. Aprendi na aula de Direitos Humanos do professor Adilson Moreira que, como diz Nancy Fraser, a justiça exige, simultaneamente, redistribuição e reconhecimento de identidades”, pontua.
Isabela ainda afirma que ações afirmativas como essas são essenciais para o benefício da população negra, principalmente na área educacional e do trabalho.
“Projetos como esse enfrentam um legado discriminatório, o qual nega à metade da população brasileira o pleno exercício dos direitos e garantias fundamentais”, finaliza.
O Incluir Direito está com inscrições abertas até o dia 25 de agosto para os alunos negros e bolsistas do curso de direito dos campi Alphaville, Campinas e Higienópolis. Entre aqui e saiba como se inscrever.
Serviço
Inscrições para o projeto Incluir Direito
Data: até 25 de agosto
Inscrições: acesse aqui
Edital: acesse aqui