Na Semana da Tecnologia & Inovação da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Alphaville, o consultor de mídia e tecnologia, Fernando Barbosa, discutiu a convergência das mídias, tecnologias e hábitos de consumo no mundo contemporâneo. A palestra, na noite de 15 de outubro, abordou como a produção de conteúdos audiovisuais tem se adaptado às mudanças tecnológicas e de comportamento do público, além de destacar os novos modelos de negócios para plataformas de streaming e televisão.

Barbosa, que também é professor universitário e produtor audiovisual, tem uma vasta experiência acadêmica e prática no setor. Doutorando em Design, mestre em TV Digital e especialista em Mídia, Informação e Cultura, ele tem trabalhado com grandes marcas como Nestlé, Danone, HBO e Disney+, além de ter produzido a websérie premiada "#E_VC?".

Em sua fala, o especialista destacou a importância de se trabalhar com equipes interdisciplinares para enfrentar os desafios da produção contemporânea, nos quais a TV tradicional, com seus 74 anos de existência, está competindo diretamente com as plataformas de streaming, que têm conquistado uma fatia significativa do mercado.

Ele apresentou dados relevantes sobre os investimentos em publicidade mostrando que, até 2022, apesar do avanço do digital, a TV aberta, paga e o merchandising ainda eram responsáveis por 48% dos investimentos publicitários, enquanto o digital correspondia a 39%. “No próximo levantamento, que deve sair ainda esse ano, o digital provavelmente já ultrapassou a TV aberta e tomou a frente de investimentos”, afirma.

Barbosa comentou sobre o uso de tecnologias como a IA na pré-produção de séries, filmes e documentários, o que tem reduzido em até 80% o tempo dedicado a pesquisas durante a produção de conteúdos.

Uma das questões centrais abordadas na palestra foi a tensão entre arte e produto no contexto da produção audiovisual. Segundo ele, a produção “pode ser produto, mas se não for pensada como arte, podemos perder a oportunidade de estabelecer uma conexão com as pessoas", enfatiza.

Ele pontua que, para evitar produções mecanizadas, é essencial sintetizar elementos artísticos que criem uma conexão emocional com o público.

Para ilustrar essa ideia, Barbosa mencionou casos práticos, como a série O Rei da TV, que conta a história do apresentador Silvio Santos. A estratégia de divulgação foi criativa, utilizando o estilo do próprio Silvio para criar tutoriais na internet com um dos atores da série, o que ajudou a estreitar a relação com o público. Um exemplo de como conteúdos advindos de um meio “de massa” podem se conectar emocionalmente com as pessoas.

A palestra também trouxe à tona a importância de entender os hábitos de consumo para se manter relevante. Barbosa citou o retorno do clássico seriado cômico Chaves à programação do SBT, após quatro anos fora do ar, como um exemplo de como conteúdos de décadas passadas ainda conseguem conectar-se emocionalmente com o público.

Ele argumentou que a TV aberta, em muitos aspectos, perdeu essa conexão emocional, tornando-se excessivamente técnica e distanciada das pessoas. “O que, em parte, pode explicar a inversão dos investimentos que falamos anteriormente”, propõe Barbosa.

O especialista finalizou sua apresentação falando sobre o futuro da comunicação e como o setor precisará se adaptar às novas demandas do público. Ele discutiu como as conexões entre marcas e consumidores podem ser moldadas por novas tecnologias, sem que os anúncios interfiram na experiência do usuário de uma maneira abrupta, por exemplo.

A Semana da Tecnologia & Inovação, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Alphaville, ocorre entre os dias 15 e 17 de outubro, a partir das 19h, com alunos de diversas graduações participando de oficinas, palestras e workshops, com o objetivo de ampliar suas perspectivas profissionais e acadêmicas nas áreas de tecnologia e gestão. Para mais informações, clique aqui.