No Brasil, graduados têm renda 126% maior que os trabalhadores com ensino médio, aponta pesquisa do IBGE

Apesar de avanços no acesso à educação, especialistas reforçam a importância da formação no ensino superior para diminuir desigualdades e garantir melhores oportunidades no mercado de trabalho

12.03.202515h35 Comunicação - Marketing Mackenzie

No Brasil, graduados têm renda 126% maior que os trabalhadores com ensino médio, aponta pesquisa do IBGE

O rendimento médio de trabalhadores sem instrução formal ou com ensino fundamental incompleto é o maior em 12 anos, com aumento de 41%. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em relação ao período 2012-2024. Janaína Feijó, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), em resposta ao jornal O Globo, cita a recuperação do setor de serviços pós-pandemia e a valorização do salário mínimo como motivos que explicam tal cenário.

Se, por um lado, os números evidenciam um progresso na diminuição das desigualdades econômicas, por outro, Feijó lembra que a renda dos trabalhadores com ensino superior é 126% maior do que a daqueles com ensino médio. Quando comparados aos trabalhadores sem instrução, a diferença alcança 305%. Além da diferença salarial acentuada, a capacidade de adaptação e absorção frente às novas tecnologias é muito maior entre os graduados.

Antônio Góis, jornalista e autor de livros sobre o setor educacional brasileiro, aponta em seu artigo de opinião Ensino superior ainda vale a pena,para O Globo, estatísticas reunidas e divulgadas pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no relatório Education at a Glance em relação às diferenças salariais entre países. Em nações como Chile, Colômbia, Costa Rica e Brasil, quem tem ensino superior completo ganha mais, enquanto a graduação exerce menos influência nos números da Noruega, Suécia, Austrália e Coreia do Sul. 

Na comparação de perfil desses dois grupos de países, Góis comenta como o diploma é mais valorizado em vagas com salários mais altos em países onde a desigualdade é maior. No Brasil, a taxa de escolarização apresenta crescimento. Há 12 anos, os menos instruídos representavam 7% da força de trabalho, atuais 4%. Os graduados eram 10%; hoje são 18%. O percentual foi de 40% para 55% entre aqueles com ensino médio completo. 

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por meio do Censo 2022, a população brasileira com ensino médio completo duplicou em comparação a 2000; o salto é de 16,3% para 32,2%. A parcela com ensino superior completo já é quase o triplo, de 6,8% para 18,4% entre as pessoas com 25 anos ou mais. Porém, essa porcentagem está muito abaixo da média de 48% da população graduada nos países europeus que compõem a OCDE, de acordo com o relatório Education at a Glance de 2022. É de extrema importância que avanços no acesso ao ensino superior e na permanência do corpo discente sejam contínuos. 

“A ampliação do acesso à educação, portanto, é um fator positivo. Mas está incompleta. Primeiro porque ainda não universalizamos o ensino médio. Também é necessário ampliar muito a educação profissionalizante. Isso sem falar no desafio — imenso — de garantia de qualidade para todos”, argumenta Góis, além de citar o desencontro entre os currículos na formação de graduandos e a vivência real no cotidiano das carreiras.

 

Para ler a matéria na íntegra no portal O Globo, acesse: https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/02/09/escolaridade-desvalorizada-renda-no-pais-cresceu-mais-para-trabalhador-sem-qualificacao.ghtml.