O Lucro e pró-labore do empreendedor

Prof. Marcos A. Franklin

Mestrado Profissional em Administração do Desenvolvimento de Negócios

28.09.2018

Comunicação - Marketing Mackenzie


Um dos equívocos mais comuns entre os empreendedores é a interpretação do que seja lucro e pró-labore. O pró-labore está associado à remuneração dos dirigentes de uma empresa pelo trabalho realizado, ou seja, o equivalente a um salário.

No entanto, o empreendedor tende a injetar recursos financeiros particulares no estabelecimento e alavancagem do negócio, com dinheiro advindo das vendas de imóveis, bens, economias e outros itens do patrimônio da família, o que induz à sensação de indissociabilidadedo que é pessoa física e jurídica.

Desde o início do empreendimento os fundadores concentram suas energias para a consolidação do negócio, o que torna essa a ação natural naquele momento, não obstante o sucesso da empresa.

Como as retiradas por parte do empreendedor estão diretamente relacionadas ao lucro da empresa, o lucro se torna pró-labore. Na concepção do empreendedor, “o que eu coloquei quero retirar”!

Essa confusão de conceitos pode prejudicar significativamente o desenvolvimento do negócio, visto que é importante reservar o capital necessário para  aproveitar as oportunidades de negócios que possivelmente venham a se apresentar [i].

É essencial, portanto, ao empreendedor, distinguir a retirada de pró-labore do lucro, uma vez que este leva a empresa à sobrevivência saudável, em razão da consciência da necessidade de constituir reservas para reinvestimento no próprio negócio ou para situações contingenciais.

Quanto ao pró-labore, é fundamental estabelecer a proporcionalidade dessa retirada, levando em consideração o tamanho e a capacidade de pagamento da empresa e o que corresponde à remuneração justa face à atuação profissional do empreendedor.

Portanto, deixar absolutamente claro essas condições leva a uma gestão mais consciente e realista e, como resultado, o empreendedor, não só irá retirar o que colocou, como muito mais!

Para finalizar essa reflexão, encontramos dois cenários. No primeiro, a pessoa física, no caso o empreendedor, concentra os seus recursos particulares na empresa. Em contrapartida, no segundo cenário, os recursos da empresa são concentrados na pessoa física, isto é, o empreendedor.

Em ambos os cenários, o empreendedor pode ser submetido à continuidade daquela sensação da indissociabilidade, resultando na confusão e mistura das contas pessoal e empresarial. Isso, em algum momento, levará a uma colisão de papéis e conflitos de interesses, podendo resultar em insucesso do negócio e do empreendedor.

 

 

 

[i] Mises, L. Von (2017). Lucros e perdas. ed. LVM.

 

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